RAQUEL DO CARMO SANTOS
É sabido que o estresse no momento de realizar o exame vestibular pode atrapalhar o desempenho dos candidatos. O famoso “branco” é uma das possibilidades. Para falar de dados científicos, uma pesquisa realizada no Laboratório de Estudo do Estresse do Instituto de Biologia (IB), por exemplo, comprovou que os períodos de maior alta dos índices de cortisol – um dos principais hormônios relacionados ao estresse – são os meses de setembro e novembro, ou seja, respectivamente, no momento da inscrição e no período de provas dos vestibulandos. Neste sentido, a fisioterapeuta Heloisa Aparecida Ferreira propôs como linha de investigação, no mesmo Laboratório, um tratamento com terapia manual (massagem) para aliviar o estresse dos jovens no momento de prestar o vestibular.
A experiência deu certo. O protocolo de tratamento específico se mostrou eficiente a começar pelos níveis de acesso à memória, pois uma das principais funções prejudicadas em momentos de estresse é a memória declarativa de curto prazo e longo prazo. “O grupo controle teve um aumento significativo do índice de cortisol no período de setembro a novembro. Já no grupo tratado se manteve estável o índice de cortisol”, atesta Heloisa, que acredita ser uma alternativa para aliviar o estresse do momento de disputar uma vaga na universidade.
Os níveis de aprovação também foram aferidos e representou 64% dos voluntários que se submeteram à intervenção. Ela avaliou todos os parâmetros por dois anos consecutivos – 2006 e 2007 – e em ambos os resultados foram semelhantes. A pesquisa foi orientada pelas professoras Regina Célia Spadari e Dora Maria Grassi Kassisse, esta última a responsável pelo laboratório.
“Os dados se repetiram e, com isso, atestamos a eficiência deste tipo de tratamento sem o uso de medicamentos. Desde o início da pesquisa, a ideia era, justamente, conseguir atingir esta faixa etária de forma a aliviar as tensões impostas pelas decisões”, explica Heloisa. Os jovens e adolescentes passam por momentos de estresse, principalmente, na hora de decidir pela carreira que irá cursar. Para a fisioterapeuta, em muitos casos é a fase mais difícil da vida, pois ocorre pressão da família, dos professores e as várias opções do mercado acabam gerando muitas dúvidas e o receio de errar.
Para a pesquisa, Heloisa tomou dois grupos para comparação. Um constituído para servir de grupo controle e, no outro, com 32 voluntários de um cursinho pré-vestibular, ela aplicou terapia manual com mobilização dos grandes grupos articulares – cintura escapular e cintura pélvica –, fáscias e músculo em 21 sessões de 40 minutos, sendo duas por semana. A terapia manual foi realizada de setembro a novembro. Foram feitas ainda medições do índice de concentração de cortisol salivar antes e depois das sessões de fisioterapia, mostrando claramente um aumento no índice de concentração salivar de cortisol para o grupo não-tratado.
O estudo contemplou ainda a aplicação de um questionário para avaliar a autopercepção dos candidatos ao vestibular do cursinho nos três turnos de aulas sobre o nível de estresse. Um dado interessante foi perceber que o índice entre as mulheres analisadas foi bem mais alto. Os alunos do período noturno foi outra surpresa, pois apresentaram índices de estresse percebido bem menores que os outros turnos. Os índices de estresse nos alunos do período da manhã são bem maiores que no período da tarde.
Fonte: Jornal da Unicamp
Campinas, 29 de junho a 12 de julho de 2009 – ANO XXIII – Nº 434
Achei este texto interessante e informativo, por este motivo resolvi publicar.
Margarete Vicente - Terapeuta
Cursos e atendimentos
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